Conheça Contagem desde sua história até a atualidade

Três fatos marcantes na história de Contagem MG

A história de Contagem se divide em três grandes momentos. O marco inicial foi a instalação de um posto de fiscalização no Sítio das Abóboras, no início do século 18. Em 1897, a capital foi transferida para Belo Horizonte e impulsionou o crescimento de Contagem. Em 1941 a instalação da Cidade Industrial moldou as feições que o município assumiu nos anos seguintes.

O Registro das Abóboras

No período do Brasil Colônia, a vida em Minas decorreu sob o signo da mineração. Para manter o controle sobre a atividade econômica, a Coroa Portuguesa instalava postos de fiscalização e arrecadação chamados postos de registros. Um desses postos foi instalado na região conhecida como Abóboras. Em torno desse posto, surgiu um pequeno povoado e a população ergueu uma capela para abrigar o santo protetor dos viajantes, São Gonçalo do Amarante. Foi assim que surgiu o arraial de São Gonçalo da Contagem das Abóboras, uma homenagem ao Santo e uma referência à contagem das cabeças de gado, de escravos e mercadorias para serem taxadas.

A emancipação de Contagem em 30 de agosto de 1911

Contagem foi transformada em município em 30 de agosto de 1911, pela Lei nº 556. Antes disso pertenceu à Comarca do Rio das Velhas, distrito do município de Sabará e, em 1901 foi vinculada à Santa Quitéria, atual Esmeraldas. Por contingências políticas, Contagem perdeu sua autonomia administrativa em 1938, tornandose distrito de Betim. A Lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948, restaurou a autonomia administrativa da cidade.

As origens da cidade, no século XVIII

A história de Contagem apresenta versões diversificadas sobre sua origem. Uma dessas versões, fala da existência de uma família com o sobrenome "Abóboras" que teria construído a igreja em torno da qual o município viria a surgir. Essa versão, e outras similares, não contam documentação suficiente para ser comprovadas. Assim,a versão mais aceita refere-se aos chamados registros, criados pela Coroa Portuguesa.

Em 1701, a Coroa portuguesa mandou instalar um posto fiscal às margens do Ribeirão das Abóboras, nas terras da sesmaria do capitão João de Souza Souto Maior, com o objetivo de fazer a contagem do gado que vinha da região do Rio São Francisco em direção à região das minas (Ouro Preto e Mariana).

Como acontecia em todos os pontos que ofereciam boas oportunidades de lucro, a partir de 1716, no entorno do posto de registro, uma grande diversidade de pessoas foi dando vida à população: senhores de escravos; proprietários de datas minerais à procura de braços e do gado para alimentação; patrulheiros; funcionários do Registro; delatores do transvio; religiosos, taberneiros, desocupados e vadios. E nas redondezas, ainda se assentavam pessoas que encontravam faixas de terras devolutas. Ali se comercializava vários tipos de gêneros, como gado, cavalos e potros; barras de ouro; ouro em pó para ser trocado por dinheiro ou com os guias, para casa de fundição de Sabará.

Entretanto, esse comércio era precário. Consta que o volume de ouro em pó estocado no Registro das Abóboras era pequeno em relação aos volumes estocados em outros postos fiscais da Capitania, na Comarca de Sabará.

Assim, o povoado que surgiu em torno do entreposto não se expandiu como núcleo urbano, atrofiando-se com o fechamento do posto, ocorrido por volta do ano de 1759. O local do posto, que ficou conhecido como Casa do Registro, é atualmente a Casa da Cultura.

Mas, nas proximidades daquele posto, em terras de domínio público, desenvolveu-se outro povoado em torno de uma capelinha erguida em devoção ao Santo protetor dos viajantes, São Gonçalo do Amarante, ou Sam Gonçalo, em 1725.

A construção de capelas e igrejas dedicadas a São Gonçalo era comum na época. Esse santo goza de grande prestígio entre a população portuguesa e a devoção a ele acompanhou o processo de colonização. De fato, na Capitania das Minas Gerais existia um grande número de povoações com o nome de São Gonçalo. São exemplos: São Gonçalo do Rio das Pedras, São Gonçalo da Ponte, São Gonçalo do Amarante, São Gonçalo do Brejo das Almas, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Gonçalo do rio Peixe, São Gonçalo do Rio Preto, entre outras.

Por serem tão numerosas, tornava-se necessário explicar qual seria qual, por um atributo do lugar. Por isso, Sam Gonçallo do Ribeirão das Abóboras, pelo fato de o povoado estar próximo a esse ribeirão e, como nas imediações havia ainda o registro fiscal, falava-se também Sam Gonçallo da Contage. Finalmente, para não ser confundido com outros registros ou contages da Capitania, vingou o nome Arraial de São Gonçalo da Contagem das Abóboras, ou apenas Contage das Abóboras.

Este período caracteriza-se pelo arruamento tortuoso, grandes lotes com casas no alinhamento e profundos quintais arborizados com mangueiras e jabuticabeiras, por vezes fazendo divisa, ao fundo, com cursos de água; legando-nos um pequeno número de edificações que resistiram ao tempo e à especulação imobiliária, formando o que hoje se chama de sítio histórico.

Esse arraial formou o núcleo original da formação de Contagem e corresponde à região da Sede Municipal. Daquela São Gonçallo, permaneceram parte da primitiva arborização, algumas edificações e objetos de arte sacra.

A autonomia político-administrativa

A cidade foi emancipada em 1911. Mas a primeira eleição para a Prefeitura só ocorreu em 1949

Durante duzentos anos, de 1701 a 1901, Contagem esteve ligada a Sabará. Alguns fatos pavimentaram a caminhada de nossa cidade à condição de município.

Já em 1811, Contagem passou a ser um Distrito de Ordenança. As ordenanças faziam parte da estrutura do exército português como tropa de auxílio ao exército regular. A nomeação de Contagem como Distrito de Ordenança significava que aqui havia uma dessas tropas, comandada por um capitão, responsável tanto pela ordem pública quanto pela economia do lugar. A criação desses distritos era uma política da Família Real, instalada no Brasil a partir de 1808, como forma de aumentar a arrecadação.

Devido ao aumento da população sob a jurisdição de Sabará, e à necessidade de maior eficiência na fiscalização para evitar o extravio de recursos, em 24 de março de 1810, o município de Sabará enviou uma carta ao Príncipe Regente sugerindo a criação de novos Distritos de Ordenança no perímetro. Essa carta foi respaldada por ofício do Governador da Capitania de Minas, D. Francisco de Assis Mascarenhas e o pedido foi atendido. A patente de capitão foi expedida para Joaquim da Rocha Machado.

Outro fato importante foi a elevação do arraial à categoria de paróquia, separando-se da paróquia do Curral Del-Rei por força da Lei Provincial 671, de 29 de abril de 1854. O primeiro pároco foi o padre Antônio de Sousa Camargos.

A partir de 1901, Contagem passou a integrar o recém criado município de Santa Quitéria (hoje Esmeraldas), composto também pelos distritos de Capela Nova (Betim) e Várzea do Pantanal (Ibirité). Essa decisão, registrada pela Lei 02 de 1891, teve, aparentemente, alguma conotação política.

Finalmente, a cidade foi emancipada de Santa Quitéria e elevada à condição de vila. A emancipação foi sancionada pela lei 566, de 30 de agosto de 1911, aprovada graças à ação decisiva do então senador Bernardo Monteiro. Faziam parte do novo município, chamado Vila de Contagem, os distritos de Várzea de Pântano (Ibirité), Campanha, Neves e Vera Cruz. A instalação formal do município, entretanto, só ocorreu em 1 de junho de 1912, data marcada por uma grande festa popular.

Em 1916 foi instalada a primeira Câmara de vereadores exclusiva de Contagem. Até essa data, havia uma câmara única para nossa cidade quanto para Santa Quitéria. Além disso, o presidente da Câmara também exercia as funções de chefe do Executivo Municipal da Vila de Contagem, pois o cargo de prefeito não existia.

O primeiro prefeito de Contagem, Antônio Benjamim Camargos, foi nomeado por Getúlio Vargas com a revolução de 1930, que mudou a organização do sistema municipal brasileiro. Já a primeira eleição direta para a Prefeitura de Contagem aconteceu apenas em 1949. Na ocasião, menos de 800 eleitores compareceram as urnas. Luís da Cunha, o prefeito eleito, obteve 461 votos, contra 307 de seu adversário.

Contagem já foi distrito de Betim

Autonomia foi perdida em 1938 e apenas recuperada em 1947.

Em 1938, Contagem perdeu novamente sua autonomia política, tornando-se distrito de Betim. Este período da perda da autonomia é conhecido no nosso meio como cativeiro da Babilônia.

Novamente, não são conhecidos documentos históricos que expliquem de forma adequada esse episódio. As explicações existentes pertencem à história oral.

Segundo uma dessas explicações, o então governador de Minas, Benedicto Valadares, teria telegrafado ao prefeito de Contagem, coronel Augusto Teixeira de Camargos, dizendo que passaria pela estação do Bernardo Monteiro e por Betim, então distrito de Contagem, antes de seguir caminho para Pará de Minas, sua terra natal. O prefeito ignorou a ilustre visita e o governador foi recebido pelo chefe da estação. Em Betim, ao contrário, Benedicto Valadares foi recebido com festa e banda de música. O governador passou o final de semana em Pará de Minas, mas não se esqueceu da ofensa. Na segunda-feira seguinte, através do programa noturno de rádio Hora do Brasil, anunciou a destituição de Contagem como município, rebaixando-o a condição de distrito de Betim, que foi elevada à condição de cidade naquele mesmo dia.

Outra versão para a perda da autonomia considera que o rebaixamento foi uma artimanha tendo em vista a desvalorização dos terrenos da região. Isso facilitaria a aquisição de terras pelas empresas interessadas na construção da futura Cidade Industrial, já em andamento.

Essa situação perdurou até 1948, quando Contagem recuperou sua autonomia amparada pela Lei 336, de 27 de dezembro. Para isso, foi importante a Constituição de 1947, que tendeu a reforçar o poder local. Pesou também a ação do deputado Lourenço Ferreira de Andrade, um defensores do restabelecimento de Contagem à condição de município.

A era da industrialização

Em 1966, a Cidade Industrial já estava com sua capacidade praticamente esgotada

Contagem se industrializa

Como resultado da crise financeira mundial de 1929, a economia mineira entrou a década de 1930 em frangalhos. Representantes dos setores produtivos e da tecnocracia estadual passaram, a advogar a tese de que o estado, rico em recursos naturais, precisava se industrializar para superar o atraso econômico. Como resultado dessa nova orientação política, em 1941, o governador Israel Pinheiro inaugurou o sistema de distritos industriais que seria gradualmente construído em Minas Gerais ao longo das décadas seguintes.

A criação do Parque Industrial, mais tarde denominado Cidade Industrial, em Contagem, foi a primeira e principal medida resultante desta nova política. A região foi escolhida por ser vizinha da capital, por apresentar um relevo suave e ter boas condições de acesso às estradas que ligam Minas Gerais ao Rio de Janeiro (445 km) e a São Paulo (600 km). Além disso, tratava-se, à época, de uma área pouco habitada, com vastas extensões de terrenos que poderiam ser adquiridos dos fazendeiros endividados. Finalmente, a escolha pouparia Belo Horizonte, considerada a "Cidade Jardim" do Estado.

A Cidade Industrial Juventino Dias, como foi chamada, foi instituída pelos Decretos-Lei 770, de 20 de março de 1941, e 778, de 19 de junho de 1941. Todavia, ela só passaria a existir de fato a partir da década de 1950.

A maior dificuldade para a instalação das empresas na região era a ausência de energia elétrica. O sistema elétrico mineiro era precário e dependia, basicamente, da iniciativa privada. A criação de uma empresa de energia elétrica capaz de dar suporte à implantação de um parque industrial em Minas era um dos grandes objetivos do Governo Milton Campos (1945 a 1950) que realizou todos os estudos e projetos necessários à criação da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig.

A criação da Cemig ocorreu em 22 de maio de 1952 e sua missão era era dotar o Estado da energia necessária para se desenvolver. A primeira grande indústria a se instalar em Contagem foi a Mannesmann, cujas obras se iniciaram em maio de 1952.

Em 1966, a Cidade Industrial já estava com sua capacidade praticamente esgotada. Em 1970, novamente por iniciativa do poder público, foi iniciada uma nova expansão industrial em Minas Gerais. Mais uma vez o local escolhido foi em Contagem. Por força da Lei Municipal nº 911 de 1970 foi implantado o Centro Industrial de Contagem - Cinco. O auge da produção industrial em Contagem ocorreu nas décadas de 1960 e 1970.

A expansão urbana

A vizinhança com Belo Horizonte e a industrialização mudaram o perfil de Contagem

Em 1949, quando Contagem recuperou a autonomia política e administrativa, seu território era formado pela atual região da Sede e Cidade Industrial, em implantação.

A vizinhança com Belo Horizonte e a industrialização, garantida pela energia da Cemig a partir de 1952, trouxeram resultados positivos para a cidade. Contagem cresceu, prosperou, ganhou importância econômica e se transformou na segunda maior do estado em número de habitantes.

No entanto, o processo de urbanização e desenvolvimento econômico de Contagem, como de resto de todo o Brasil, se deu de forma bastante desorganizada.

A expansão urbana e a ocupação dos terrenos disponíveis, ocorreu a partir do loteamento de áreas de chácaras e fazendas sem o devido planejamento e regularização dos imóveis. Grande parte do município foi loteada sem as condições básicas para construção de moradias ou empresas (serviços de água, luz e esgoto, por exemplo). Por outro lado, a construção da Cidade Industrial valorizou a região, encareceu os terrenos e empurrou os migrantes, atraídos pela oferta de empregos nas industrias, para as áreas alto risco geológico – sujeitas a inundações, deslisamentos de encostas, afundamentos, etc.

Foi assim que apareceram as demais regiões de Contagem. A região Nacional é fruto do parcelamento de áreas de fazenda na área da Pampulha nos anos 50 do século 20; a região da Ressaca começou com o loteamento da fazenda do Confisco nesse mesmo período, e foi ainda mais estimulada pela chegada da CEASA; o Eldorado foi criado a partir de 1954, como uma extensão da Sede; a região do Petrolândia foi resultado da implantação da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, no final da década de 1960; Vargem das Flores surgiu com a criação da represa e do bairro Nova Contagem no início dos anos 1970, etc.

Esse processo, caótico e determinado por razões as mais variadas, contribuiu para que Contagem se tornasse uma cidade onde não há boa ligação entre os bairros. Muitos deles estão mais voltados para a Capital, em termos de trabalho, de comércio e de lazer, do que para o município. É o caso daqueles da região da Ressaca, que surgiram a partir da valorização dos terrenos devido à ocupação da Pampulha, em Belo Horizonte.

Quanto às indústrias, elas poluíram a região da Cidade Industrial de diversas maneiras, gerando barulho, fumaça, mau cheiro, lixo e esgotos não tratados, além do tráfego intenso. Um caso típico é o da Companhia de Cimento Portland Itaú, fechada no início da década de 1970, depois de uma forte mobilização popular em torno das questões ambientais. No local onde era a fábrica, foi instalado, posteriormente, o Itaú Power Shopping, que preservou as chaminés e o prédio administrativo da antiga empresa.

Contagem na luta pela democracia

A greve dos metalúrgicos, em 1968, foi um marco na luta contra a ditadura
A primeira grande mobilização sindical do Brasil durante a ditadura milita instalada no país em 1964, aconteceu em Contagem.

Entre 1950 a 1964, o Brasil caminhava para a urbanização, com a mudança do pólo dinâmico da economia do campo para as cidades. Como fruto da expansão democrática propiciada pelos governos JK, Jânio Quadros e João Goulart, ocorre em todo o País um expressivo crescimento dos movimentos sociais reivindicativos. É a época das grandes manifestações nacionalistas, como a do "O petróleo é nosso". O movimento estudantil estava em plena atividade com a liderança da UNE, formam-se sindicatos, associações de classe e partidos políticos de orientação socialista. Em Minas, com a Cidade Industrial em processo de implantação e crescimento, surge um campo fértil para a eclosão desses movimentos trabalhistas.

O golpe

Em 31 de março de 1964 veio o Golpe Militar, que reprimiu violentamente os movimentos reivindicatórios, com prisões, torturas e cassações de mandatos e direitos políticos e dirigentes de entidades, suprimindo grande parte dos direitos trabalhistas. O governo militar iniciou um processo de constante desvalorização do salário mínimo, ao passo que a inflação começava a aumentar freneticamente, instalando-se um processo de arrocho salarial que passaria a ser o grande fantasma dos trabalhadores, e também dos patrões, pelos constantes focos de conflito provocados por essa situação.

O sindicato

Em meados de 1967, as eleições para a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem foi vencida por uma chapa de esquerda, ligada ao extinto Movimento Intersindical Anti-arrocho (MIA), que defendia as lutas apoiadas nas comissões de fábricas, além de se manifestar contra o regime militar. Por determinação do regime, essa diretoria foi cassada pela Delegacia Regional do Trabalho antes mesmo de tomar posse, sendo substituída por uma junta interventora formada por sindicalistas conhecidos como "pelegos".

Campanha salarial

A diretoria cassada manteve a atividade junto às bases metalúrgicas e, na campanha salarial de 1968, incitou a reivindicação de 25% de reajuste salarial. Como parte dessa estratégia de radicalização, em 16 de abril de 1968, esses sindicalistas promovem a ocupação da siderúrgica Belgo Mineira, em Contagem, iniciando uma greve que paralisa as atividades dos 1.200 trabalhadores da fábrica.

Apesar de o direito de greve estar suspenso pela Lei 4.330 de junho de 1964, os patrões oferecem uma contra-proposta de 10% - oferta que, em si, já contrariava a política salarial do regime. A proposta é recusada pela comissão de empresa, e o impasse fica estabelecido. A greve não apenas continuou como se expandiu. Ao terceiro dia, a paralisação atingia a Mannesmann, SBE, Belgo de João Monlevade, Acesita, paralisando cerca de 20 mil trabalhadores em poucos dias.

Repressão

Numa atitude insólita, o então Ministro do trabalho, coronel Jarbas Passarinho, compareceu a uma assembléia dos grevistas em Contagem para exigir a volta imediata ao trabalho. Segundo o sociólogo Roque Aparecido da Silva, um dos líderes da greve dos metalúrgicos de Osasco em 1968, Jarbas Passarinho teria dito aos grevistas contagenses: "Se as condições se agravarem, vai haver luta e perderá quem tiver menos força, embora não queiramos fabricar e nem nos transformar em cadáveres".

Essa declaração, móbida, não demoveu os metalúrgicos. Mas, Passarinho não ficou só nas ameaças. Em cadeia nacional de rádio e televisão conclamou "o início da guerra" aos operários contagenses, desencadeando uma forte repressão contra os grevistas.No dia 24 de abril de 1968, militares ocuparam a Cidade Industrial, proibiram as assembléias, a distribuição de boletins e os ajuntamentos.

A repressão forçou os trabalhadores a abandonarem, gradativamente, o movimento. A greve, entretanto, era tão forte, e havia alçando tamanha repercussão nacional graças à solidariedade despertada entre as entidades classistas, que os empresários mantiveram a proposta de 10% de reajuste dos salários.

A conquista

Assim, no dia 1º de maio de 1968, com os operários ainda em greve, o general-presidente Costa e Silva autorizou o reajuste salarial pondo fim ao movimento.

Todavia, o regime militar tentou descaracterizar a vitória dos metalúrgicos de Contagem apresentando o reajuste como uma concessão do governo a todos os trabalhadores brasileiros. Entretanto, diz Roque Aparecido da Silva "o tiro saiu pela culatra, visto que os trabalhadores de todo o país perceberam que esse aumento tinha sido fruto da greve dos metalúrgicos mineiros".

A greve dos metalúrgicos de Contagem foi a primeira grande manifestação das classes trabalhadoras brasileiras, sob o regime militar, contra o arrocho salarial e pela democracia.

A partir de 1976, a Arquidiocese de Belo Horizonte passou a realizar na Praça da Cemig, em Contagem, a Missa do Trabalhador, com a participação das pastorais sociais. Em 2007 completaram-se 31 anos da tradicional celebração, que leva centenas de fiéis à Praça da Cemig, para rezar e pedir melhores oportunidades de trabalho. Com o passar dos anos o evento passou a ter a participação de sindicalistas de diversas categorias profissionais, que junto com a missa realizam ato público em defesa de suas bandeiras de lutas.

Contagem atual

Moderna e progressista, Contagem está cada dia melhor.

Nos últimos anos, o Brasil superou os grandes entraves ao crescimento sustentado da economia: a inflação foi controlada, o país equilibrou suas contas externas, tem grandes reservas em dólar e voltou a crescer com distribuição de renda a partir de 2004. Essa nova situação está propiciando à Prefeitura, em parceria com os governos Federal e Estadual, resolver problemas antigos da cidade, nas áreas de infra-estrutura de trânsito e saneamento, na manutenção dos espaços públicos, na habitação, e nas políticas sociais de educação, saúde e segurança pública. Além de dinamizar a economia e gerar mais empregos.

Hoje, Contagem é a 3ª mais rica de Minas Gerais e a 2ª na geração de empregos. Maior que muitas capitais, Contagem já é a 25a. Cidade mais rica do país.

A cidade é um fenômeno vivo, processual. Sua história foi construída por todos e todas que nela trabalham e vivem. Como resultado de todas as ações de todos os segmentos sociais nos quase 300 anos de fundação do município e nos 100 anos de emancipação política, completados em 2011, o povoado que começou pequeno, cresceu e se transformou em um dos mais importantes de Minas Gerais e do Brasil.

Mas apesar do lugar que ocupa a cidade não está pronta e os desafios são ainda enormes. Entre eles está a construção de um sistema de saúde melhor; a universalização da educação infantil, do ensino médio e da qualidade do ensino; a ampliação da infraestrutura para a continuidade do desenvolvimento local; as melhorias ambientais, através, por exemplo, do tratamento dos esgotos; a consolidação das finanças municipais. Desafios que devem ser enfrentados com planejamento, otimismo, esperança e celebração destes 100 anos de emancipação.

Contagem está ligada a Rede Ferroviária Centro Atlântica, que permite o transporte ferroviário para o centro-oeste, nordeste e sudeste brasileiro.

Fonte: http://www.contagem.mg.gov.br/?es=conheca_contagem

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